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CURSINHOS POPULARES EM SÃO PAULO

A organização comunitária dos cursinhos populares revoluciona o modelo tradicional de educação

Por ISABELLY VITORINO



Cheios de sonhos, planos e anseios, jovens em sua maioria, moradores das periferias de São Paulo buscam a chance de mudar a história de suas vidas com ajuda dos cursinhos populares, que surgem através de um projeto da Educafro que visa inserir a juventude preta e periférica nas universidades da cidade.


Após essa iniciativa, as próprias comunidades junto aos professores que se voluntariam, começam a organizar cursinhos, assim o projeto se espalha por vários bairros e cidades do Estado.


O cursinho Chico Mendes, na cidade de Suzano, foi criado por professores e alunos interessados em uma nova forma de educação, com o objetivo de quebrar esse sistema de exclusão social e possibilitar que os alunos de escolas públicas possam ocupar os espaços acadêmicos.


“A gente costuma dizer que os cursinhos não deveriam existir, cursinhos comunitários, eles só existem porque há um fracasso aí do Estado”, diz o professor e coordenador do Cursinho Chico Mendes, Fábio Torres.


Segundo dados publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Brasil, o numero de jovens negros e perifericos nas universidades é de 18% , entre os jovens brancos e de escola particular, o número sobe para 36% . “A escola pública com esse modelo que ela tem, acaba desencorajando os alunos. E o cursinho faz o oposto, ele encoraja o cara que não acredita em si, ele começa a sonhar: eu posso entrar na universidade, eu posso ir para uma pública. Ele começa a entender direitos, então altera a realidade ", comenta o professor.


Sem apoio do governo, os cursinhos populares são um espaço de resistência organizado em teatros, escolas ou centros comunitários, seja em lugares públicos ou não, sofrem ataques por terem uma forte importância na luta pela transformação da educação. ”Em gerala gente não tem apoio, todos os cursinhos sempre tem as mesmas histórias de perseguição, mas se a gente pensasse que o governo pode criar condições melhores, ajudar com políticas públicas seria, passe livre para os estudantes de cursinhos. Porque essa política seria importante: um aluno de cursinho se ele já saiu do terceiro ano, ele não tem mais passe da escola, mas ele vai pro cursinho aos sábados ele continua fazendo pesquisa, só que ele vai ter pagar, então isso seria uma política pública, que é uma bandeira dos cursinhos comunitários, explica Fábio.


Coordenador por dois anos do cursinho Chico Mendes, o estudante de ciências sociais pela USP David, fala sobre a importância do cursinho. “Tem três elementos que torna fundamental a existência dos cursinhos populares, a primeira delas seria a autonomia dos professores porque querendo ou não dentro das escolas estão presos a um currículo, a segunda questão seria a participação dos jovens como agente participativo do ambiente, estamos lá, tomamos decisões, a gente constrói o cursinho junto com a comunidade, eu gosto de chamar os cursinhos populares de comunidade, porque a comunidade tem esse sentido de todos se ajudando e construindo o conhecimento em conjunto. A terceira eu acho que é problemática pelo fato de sermos negros e ter esse fato ancestral seria a questão de ser integrante da historia, o cursinho popular tem muito isso de te colocar como integrante da historia fomentar essa percepção, mas existe toda uma queima de arquivo historica que faz com que a gente não se reconheça ou aprenda a se odiar nessa sociedade. Esse quesito é importante não tem na escola tradicional e vai ter no cursinho, mas entramos um pouco em conflito por conta da ausência de reconhecimento de identidade mesmo, e isso o cursinho tenta trabalhar mas ainda por falta de recurso histórico acaba as vezes faltando com sensibilidade.


Após o carnaval o cursinho Chico Mendes estará de volta, tudo será divulgado pelas redes sociais então se você se interessou em fazer parte desse projeto acompanhe a rede @cursinhochicomendes


A Central de Notícias da Rádio DALILA é uma iniciativa do Projeto "Semente Crioula" e a Cultura Popular da Zona Leste. Este projeto foi realizado com o apoio da 6ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

Os conteúdos ditos pelos entrevistados não refletem a opinião da emissora.

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